quinta-feira, 29 de maio de 2014

AS VOZES DE NOSSA JUVENTUDE

Todos os dias somos invadidos por dezenas de notícias de assassinatos de jovens e negros nas nossas favelas ( ou comunidades como preferem), sabemos que há uma grande dificuldade de dialogarmos sobre esse genocídio que acontece em várias cidades brasileiras, o grande questionamento que faço é se realmente esse assassinatos são motivados pelo tráfico das substancias ilícitas como o crack e outras drogas, será? Percebo na fala desses jovens que há simplesmente uma repetição da violência instituída no modelo familiar e social que ele teve como norte em sua toda, não dá também para culparmos e demonizarmos qualquer tipo de droga lícita ou ilícita, pois as drogas por si só não tem vida, o que está por traz delas sim, essas tem vida e assim não existe vida mais ou menos importante, todas são únicas e precisam ser vividas plenamente, estamos demonizando e excluindo essas pessoas que precisam de respeito, cuidado e liberdade sobre seus corpos. Outra questão é que essa mídia sensacionalista que criminaliza nossos jovens querendo diminuir a maioridade penal, como se nossos presídios fossem um lugar de ressocialização, pelo contrário é um lugar que vai de encontro a qualquer modelo de promoção a cidadania. Assim precisamos ter politicas publicas que de respaldo ao Estatuto da Criança e do Adolescente, percebemos nossos menores infratores realizarem medidas sócio educativas e na maioria das vezes serem vistos com o viés preconceituoso nas próprias empresas que os acolhem. Os Programas sociais como o PROJOVEM, PRONATEC são exemplos de inserção aos jovens ao mercado de trabalho, porem nossas escolas não conseguem dar lugar e voz a esses jovens tão talentosos em tecnologias, cultura e arte. Na maioria das vezes eles são muito mais acolhidos e aceitos pelos seus pares nas comunidades das redes informais do que na própria família e/ou nas escolas, onde não conseguem dialogar sobre suas demandas sociais, sejam elas sobre violências, uso abusivo de drogas ou mesmo sobre seus sonhos e suas paixões. Precisamos urgentemente dar voz e autonomia para esses jovens que são cada vez mais empoderados de seus direitos e querem viver sua cidadania plenamente, que nossos equipamentos públicos possam servir para libertar e não para encarcerar com praticas excludentes e punitivas, finalizo com a frase de Mandela que nos diz muito sobre esse momento. “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

TRANS HOMENS E O PODER SOBRE MEU CORPO



Os homens trans são diferentes entre si em função dos próprios marcadores sociais de diferenças, como a classe social, a raça/cor, a orientação sexual, a geração, a origem geográfica, entre outras. Eles, de modo geral, utilizam o termo “transexual” ou “trans” frequentemente tomando-o como adjetivo e, por isso, precedido pelo substantivo “homem”. São pessoas que nasceram com a genitália feminina e desde criança não se identificam com o sexo biologico feminino, pois sempre se sentiram meninos em sua psique, por isso que muitas vezes a necessidade de se reconhecer do sexo masculino é inerente a sua personalidade, para isso acontecer passam por vários conflitos sejam eles individuais( numa sociedade que é  outogardo o binarismo de genero- masculino x feminino),familiares e sociais, como são criadas para serem meninas, sofremo em silencio no   seu lar por meses, anos e alguns até décadas. Algumas experiências e marcos culminam na decisão de, em algum momento da vida, reclamar a identidade masculina. Tal decisão é associada não só à possibilidade de obtenção de conforto psíquico, mas de respeito e reconhecimento social.
  
Entrei no universo dos homens trans em João Pessoa em setembro de 2012, onde eu desempenhava meu trabalho como Diretor do Centro de Testagem e Aconselhamento em DST/Aids em João Pessoa e acolhemos dois homens trans no serviço onde os profissionais por meio de relato de experiência relataram sobre a dificuldade de prescrever hormonioterapia a esse público bem como da dificuldade de trata los pelo NOME SOCIAL e  até mesmo de fazer um simples exame ginecológico nesses homens. 
Assim foi tomada uma decisão entre a equipe multiprofissional, iriamos dialogar com os mesmos sobre essas dificuldades e iriamos qualificar a equipe trazendo um profissional que pudesse prescrever a hormonioterapia e discutiríamos os casos durante nosso processo de trabalho. Assim foi feito, realizamos varias discussões sobre a invisibilidade desses homens tanto a nível familiar como no contexto social em João Pessoa começou a ser referencia para outras cidades do nordeste, em 08 meses tivemos vários homens trans vindo de Recife , Natal e outras cidades do interior da Paraíba para o atendimento a nossa equipe multiprofissional, onde realizamos pactuações de atendimento com outras especialidades médicas dentro do CAIS Jaguaribe.
Nesse sentido recebemos algumas mães desses homens trans que vinham com os mesmos ( já que grande parte eram jovens) de várias cidades, assim realizamos uma escuta qualificada também das famílias e percebemos a dificuldade que era para a família entender sobre esse processo transexualizador. Pois vivemos numa identidade de gênero binária onde fica muito difícil essa família acolher um homem que foi educado a vida toda como menina e na adolescência essa menina precisa mudar seu corpo para se adequar ao seu sexo  indenitário masculino, nesse rompimento há vários conflitos subjetivos, principalmente no tocante ao seu corpo biológico feminino em contraste com a  sua psique masculina.

Diferentemente dos transexuais feminino que foram educados como menino e assim já tinham esse comportamento cultural de serem educados para agirem fora de casa, os homens trans foram educados para serem comportados e obedientes, assim havia uma dificuldade de se expressarem pelo próprio comportamento sócio-cultural esperado de uma menina.( submissa, comportada e dona de casa).

Assim depois de muitas rodas de dialogo entre profissionais, família e os próprios usuários, resolvemos promover o I Seminario Municipal sobre Homens Trans que ocorreu na UFPB  em dezembro de 2012.
Uma questão unanime trazida durante os debates foi sobre a autonomia desses homens de mudaram seus corpos sem precisarem de laudos da equipe multiprofissional em saúde, claro que de um lado é uma forma que o SUS encontrou de cuidar integralmente desses corpos, porem há um outro lado que Foucolut vai trazer no livro vigiar e punir sobre o processo de docilização desses corpos, é como se o outro tivesse mais uma vez o poder de dizer o que se pode ou não se pode fazer sobre esse corpo. Onde o grande questionamento dos homens trans é seu o corpo é meu, eu tenho os multiplos desejos e o dominio sobre ele e não é o seu saber  tecnicista que vai molda lo de acordo com o seu olhar científico.
O segmento populacional de homens trans, transhomens, FTM, transgêneros e transexuais masculinos sempre foi, na história deste país, uma categoria social e política invisível e inexistente. Tal situação vem sendo modificada pela importante visibilidade na mídia ocasionada pelo lançamento do livro autobiográfico Viagem Solitária de João W. Nery, transhomem mais antigo do Brasil, em 2011; pela militância dos homens trans, junto a fundação da Associação Brasileira de Homens Trans (ABHT) em 2012; o acolhimento do movimento LGBT e da academia; a facilidade de comunicação entre o segmento decorrente da utilização da internet; e o acolhimento dos homens trans no Processo Transexualizador no SUS, ainda que até então haja restrição à atenção ao nosso segmento neste Processo.

No entanto esse  segmento populacional invisível possui prejuízos grandes relacionados à violência homo-transfóbica e machista, e se encontram numa situação de grave negação de direitos sociais como saúde específica e integral, educação, trabalho, segurança entre outros. Considera- se também a invisibilidade uma expressão da transfobia, da homofobia e do machismo, que nos obriga a permanecermos invisíveis como uma medida de proteção contra violências as mais diversas e negação de direitos.


Vale ressaltar que a ABHT - Associação Brasileira de Homens Trans e o recentemente instituto criado  IBRAT – Instituto Brasileiro de Trans Homens, são fundamentais para a reflexão dos homens trans no Brasil e que esses militantes possam continuar com sua luta infindável de terem direitos por politicas publicas para que suas vozes possam ser ouvidas e serem ecoadas para alem de seus corpos!

FONTES PESQUISADAS:

O HOMEM TRANS E A (RE) CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE
Patrícia Michelini de Matos Batista, discente do curso de Licenciatura em Ciências Sociais, bolsista de
iniciação científica da Universidade Estadual de Santa Cruz (ESC) – PROIC/UESC 2012


Homens trans': novos matizes na aquarela das masculinidades?

Guilherme Almeida










A EDUCAÇÃO NO BRASIL PRECISA SER ATRATIVA PARA OS EDUCANDOS


Qual a diferença do processo de ensino aprendizagem do século XVIII ao sec XXI? Naquela época os alunos ficavam sentados em filas,com disciplinas sendo divididas por faixas igualitárias de horários, o meu grande questionamento é ...o que mudou?
Talvez algumas disciplinas a mais no currículo, a internet como ferramenta e pouco atrativos onde os estudantes se identificam.  A forma de castigar, de punir e de lidar com as indagações do aluno, o suposto sabe do professor em detrimento ao saber do aluno ainda é mesmo.
Quem abre uma roda na sala de aula na sua rotina para dialogar com os alunos? Quando vamos i para uma praça perto de sua comunidade para dialogar sobre a disciplina de botânica?
Há pouco ou quase nenhum dialogo sobre as questões sociais dentro das salas de aula, essas questões são emergentes, nossos alunos são outras gerações, estão em outra viber e continuamos a desconsiderar o universo individual e social de cada jovem que está ali conosco.
Já passou a hora de mudar de foco e nós educadores ainda não atentamos para isso, a escola precisa ser um espaço de desejo e motivação para os alunos e professores, sou educador para transformar, questionar e agir como ser politico nesse mundo e isso precisa ser uma pratica dentro do meu processo de trabalho naquela comunidade onde atuo,.
Se faz necessário incluirmos no nosso Projeto Politico Pedagógico as questões sociais que são vividas em nossas famílias, como a violência familiar, uso abusivo de drogas ( dialogando sobre a politica de redução de danos), a rede de cuidado institucional e não institucional que funciona nas comunidades, gênero, orientação sexual, identidade de gênero, direitos e deveres dos professores, alunos e familiares.
Como ja dizia Paulo Freire, NINGUEM EDUCA NINGUÉM, NINGUÉM EDUCA A SI MESMO, OS HOMENS SE EDUCAM ENTRE SI, MEDIATIZADOS PELO MUNDO"
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domingo, 25 de maio de 2014

HOMOFOBIA AINDA NAO É CRIME!

Matéria do Jornal da Paraíba do dia 26/05/2014


O sanitarista Roberto Maia e o pedagogo David Caju estão juntos há 4 anos. Um mês depois do Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecer o casamento entre pessoas do mesmo sexo, em maio de 2013, eles oficializaram a união perante a lei. O casal cuida de um menino de 1 ano e 8 meses e costuma viajar durante as férias. A última foi para a Europa.
Apesar da vida confortável que levam e do casamento registrado em cartório, Roberto e David não ousam andar de mãos dadas nas ruas de João Pessoa. Não por vergonha, mas por medo. A falta de uma legislação específica que tipifique a homofobia como crime, dificulta punir, com rigor, quem o comete.
O casal tem medo dos olhares contrariados, dos xingamentos e de uma possível agressão física. As piadas também incomodam. Não pegam na mão, nem beijam em público, como fazem os casais heterossexuais. Às vezes, quando vão a um restaurante ou shopping, têm necessidade de demonstrar afeto, mas quando um pensa em beijar o outro, o sentimento é contido. O máximo que eles se 'atrevem' é dar um beijo rápido na sala escura do cinema. “As pessoas olham diferente, infelizmente essa é a verdade”, frisou.
A relação entre Roberto e David sempre foi bem aceita pelas respectivas famílias. Quando casaram, fizeram uma festa e contaram com a presença dos pais, irmãos e demais parentes. As mães levaram as alianças para os filhos e festejaram com eles a noite inteira pela decisão que tomaram. “Isso para nós tem um valor muito grande. Quando a família aceita, parece que não precisamos nos explicar fora de casa”, afirmou.
Mas nas ruas, a situação é diferente. O preconceito ainda impede Roberto e David de viver a vida como eles realmente desejam: livres dos paradigmas impostos pela sociedade, que defende o modelo tradicional de família composta pelo pai, mãe e filhos. O que acontece com eles se estende a outros casais homoafetivos, que sofrem, mas estão dispostos a lutar pela igualdade de direitos estampada no art. 5º da Constituição Federal.
Para o sanitarista, o preconceito é cruel. “As pessoas ainda acham que se eu beijar meu parceiro na rua é um desrespeito. Isso é um pensamento muito atrasado”, lamentou. Roberto e David passaram a vida escutando – na escola, no trabalho e na vizinhança – que a homossexualidade é “coisa do demônio”. Mas resolveram se assumir publicamente. Tiveram a coragem que muitos ainda não têm.
O primeiro namorado de Roberto foi aos 19 anos, no início da década de 90, quando ele entrou na faculdade. Antes disso namorou algumas meninas, “para atender aos apelos da sociedade”. Roberto levou o namorado para morar em casa e dividir o mesmo espaço com o pai e os irmãos. “Minha história é atípica. A regra é a família não aceitar que o filho tenha essa orientação sexual”, comentou. “Ainda temos muito o que avançar”, opinou.
CÓDIGO PENAL SE TORNA O NORTE
Na delegacia especializada contra crimes homofóbicos, localizada no Centro da capital, o delegado-titular Marcelo Falcone cumpre o papel de polícia e também de psicólogo.
Ouve, orienta, esclarece e abre inquérito quando enxerga crime em alguma situação relatada pela pessoa que considera ter tido os direitos violados. Uma linha muito tênue, segundo o delegado, separa a liberdade de pensamento da homofobia, por isso é sempre uma questão delicada. Este ano o delegado estima que foram abertos cerca de 40 processos, entre inquéritos propriamente dito e Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).
Segundo ele, como não há crime de homofobia na legislação brasileira, o Código Penal se torna o principal norte para classificar os casos que chegam à delegacia. “Temos que avançar muito em relação à legislação, é preciso tipificar a homofobia no ordenamento jurídico brasileiro, a exemplo do que foi feito com o racismo, com a Lei Maria da Penha, etc”, declarou Falcone. É errado dizer, por exemplo, que fulano cometeu crime de injúria por homofobia. Isso não existe. Fulano, na verdade, cometeu o crime de injúria.
A maioria dos casos que chega ao conhecimento da delegacia se configura crime de injúria, difamação e ameaça, segundo afirmou o delegado da especializada. Alguns casos de estupro e de assédio sexual também já foram registrados na delegacia. “A homofobia está pulverizada em praticamente todos os artigos do Código Penal, mas não está tipificada e isso nos impede de aplicar a lei com eficácia”, destacou.
Dizer que não acha correto a união entre dois homens e duas mulheres pode ter consequências mais sérias dependendo do contexto no qual a frase foi dita. “Se nesse discurso tiver presente o ódio e a intolerância, não há dúvidas que temos a homofobia, mas como não há esse crime, vamos para a injúria ou difamação”, explicou Falcone. Outro exemplo clássico é dizer que acha um desrespeito um casal homoafetivo trocar beijos em locais públicos. De acordo com o delegado, o que não pode é ultrapassar os limites do bom senso, mas isso vale para todos, independentemente da orientação sexual.
A procura por esclarecimento é constante na delegacia. A maioria não quer se expor na Justiça e por isso pede ao delegado que intime a outra parte para uma advertência ou mesmo uma conciliação. “Há muitos casos envolvendo vizinhos e a própria família, que quando descobriu a orientação sexual do filho agrediu moral e fisicamente. Temos muito essa situação”, revelou. Os procedimentos instaurados por Falcone, quase todos de menor potencial ofensivo, vão para os juizados especiais criminais. Os casos de assassinatos são tratados na Delegacia de Homicídios.

DESVENDANDO A "BITOCA GAY"

Essa semana acompanhei o belíssimo trabalho do MEL no enfrentamento a homofobia no Estado da Paraíba e a tão famosa" bitoca gay", o comercial é lindo, reflete nossa realidade de reafirmarmos os nossos direitos, porem ainda considero que o mais importante no vídeo são as subjetividades que estão em suas entrelinhas, a escolha da musica, as escovas de dente, os modelos de família, o porta retrato, ou seja toda uma relação de vínculo do casal homoafetivo que foi construída por eles e agora de fato e de direito são reconhecidos por lei.
O tal beijo é importante, sim, talvez, mas não é o que mais me chama atenção, pois já vi varias "bitocas"dessas na televisão dado pela própria Hebe Camargo e que na maioria da vezes era dada por uma vinculo de amizade entre ela e seus convidados.
O que quero dizer com isso é que nós homossexuais, bissexuais, lésbica e transexuais temos o direito de constituir nossas familias da maneira como acharmos ideal para cada um e que não dá mais para acharmos que qualquer demonstração de afeto deva ser o mote para um vídeo  deixar de ser publicizado de manha ou a tarde como aconteceu com esse,.se não existe mais censura e se a laicidade é um direito garantido na constituição, porque esse comercial de manhã não pode ser selado por uma "bitoca"?
O que de fato é proibido mostrar as pessoas que estão em seus lares assistindo os vários modelos de família existentes em nossa sociedade, por que incomoda tanto? Se existe um estado democrático que ele possa ser de direito de fato para todos(as), isso rege o principio de cuidado a nós que pertencemos à comunidade LGBT.
E não deixando de registrar, que para ver o filme PRAIA DO FUTURO de Wagner Moura aqui em João Pessoa, o pessoal da bilheteria tem que avisar que tem cenas de relação sexual entre dois homens, como assim? Dizem que o pessoal da bilheteria sofreu violência psicológica porque não avisaram aos seus clientes que Wagner Moura tem o direito de fazer qualquer papel que achar interessante e que ele não é o Capitão Nascimento em tropa de elite.
Por acaso quando alguém vai assistir a novela das 0900h, alguém pede permissão para avisar que vai ter cena de sexo entre um casal heterossexual?
Entre bitocas e afetos,  que possamos um dia criminalizar a lesbogaybitransfobia para que assim expressarmos nossos sentimentos nas praças, cinemas, ruas e nas nossas famílias.

Saude Coletiva para quem?


Percebo que estamos vivendo um momento de encontros e desencontros sobre o modelo de saúde publica que está instalado em nosso país, refiro me a grande dificuldade de focarmos no modelo de atenção a saúde que desejamos em nosso Sistema Único de Saúde, ainda discutimos a velha questão dos modelos colocados em nossas práticas, focados no procedimento medicamentoso, nas nossas praticas curativas, preventivas e hospitalocentricas.
Todos que trabalhamos com saúde sabemos do conceito amplo de saúde pela Organização Mundial de Saúde  tão discutidos por nós profissionais e  sanitaristas em todas as formações.." Saúde completo bem estar Biopsicosocial...".
O que questiono é porque não fazemos um debate mais amplo sobre a prática nos nossos processos de cuidado? Porque ainda tratamos os nossos equipamentos de saúde de maneira  privatista e excludente? Falamos num Sistema que tem como princípios a Integralidade, nos seus níveis de complexidade e no entendimento de cuidarmos das pessoas integralmente, o principio da EQUIDADE que deveria tratar as pessoas excluídas de forma a garantir seus direitos e cidadania plena, diminuindo as iniquidades de saúde.

Mas de fato como é a nossa prática desse cuidado? Qual a prostituta que consegue ir a unidade de saúde da família e dialogar sobre sua profissão? Ou se sentir incluída nas suas subjetividades? Como acolhemos uma pessoa vivendo em situação de rua que está alcoolizada naquele momento do cuidado? Como acolhemos uma transexual feminina que precisa dialogar sobre seu silicone industrial que está causando dores físicas? Como abordamos uma adolescente gestante que está em trabalho abortivo por ter tomado um medicamento e não deseja ter seu filho naquele momento?

Nossas praticas são de acolhimento seguindo os nossos códigos de ética, ou são praticas mini facistas (MERRY) onde apontamos o dedo e julgamos esses indivíduos até a ultima instancia? Não dá mais vivermos num mundo de faz de conta onde nossas praticas de descuidado estão internalizadas dentro de nós profissionais a todo instante, se de fato queremos trabalhar com saúde pública, que possamos refletir sobre nossas posturas, nossos sonhos, nossas frustações, nosso processo de análise individual.
O outro é um ser único, assim ele tem um mundo dentro de si que precisa ser respeitado e acolhido, as dores são únicas, assim como a vida do outro também.

É nessa relação terapêutica de unicidade que precisamos focar o nosso olhar, num mundo onde a midia faz acreditar que todos os jovens são violentos e assim precisamos fazer justiça com as próprias mãos, fica cada vez mais difícil estendermos as nossas mãos, olhares e atenção aos usuários(as) que nos procuram em busca de inclusão, respeito e dignidade.

SAÚDE E DIREITOS

ESSE ESPAÇO FOI CRIADO PARA DIALOGARMOS SOBRE POLITICAS PUBLICAS NO SUS, QUE POSSAMOS REFLETIR SOBRE NOSSAS PRATICAS DE CUIDADO, BEM COMO OS PRINCÍPIOS DO SUS DE INTEGRALIDADE, EQUIDADE E UNIVERSALIDADE.